Storytelling – Quem conta um conto aproxima os colaboradores

O homem e seus ancestrais, em sua capacidade e necessidade de comunicar, sempre usou símbolos e depois a escrita para transmitir suas experiências.

Foi a partir desses antigos registros que conseguimos, ao longo de muitos anos, conhecer os principais acontecimentos que nos conduziram ao que somos hoje, pelo compartilhamento do que foi vivido, “experienciado”.

O estudo destes registros ainda causa encantamento em muita gente, pela transmissão tanto de mitos como de fatos através de milênios. Afinal, quem nunca se pegou imaginando histórias sobre como era a vida nas cavernas ou no antigo Egito?

Como seres naturalmente comunicadores, gostamos de ouvir uma boa história e muitas vezes, de contá-las. De uma forma ou de outra, preservamos estes antigos hábitos, quando sentamos com nossos filhos para ler histórias ou contar um pouco de nossas experiências. É um processo de educação, de construção de referências.

É provavelmente por isso que o storytelling, ou simplesmente “contação de histórias”, tem chamado a atenção de cada vez mais indivíduos e empresas, principalmente quando o assunto é treinamento e desenvolvimento.

Um conceito sendo revisado

Muito utilizado nos cinemas, teatros, TV e mais recentemente em campanhas publicitárias, o storytelling também invadiu as organizações. Isso porque ele tem bons atributos, já que é uma ferramenta simples, fácil e que pode trazer bons resultados com o uso adequado e, estratégico.

O storytelling faz com que as pessoas “se reconheçam” com histórias em comum, humanizadas, integradas com a sua experiência profissional e particular, o que gera reflexão sobre conteúdos ou temas que necessitem de atenção e multiplicação.

O compartilhamento de experiências, impressões, sentimentos, é algo que agrada às pessoas, cria identidade, amplia o senso de pertencimento e, de “humanização”: vemos nas experiências dos outros coisas novas, mas muito de nossas alegrias e frustrações. Percebemos que existem histórias únicas e, comuns, compartilháveis.

Além disso, como já abordei, é um processo simples, onde não há dependência de técnicas complexas. A única exigência do processo é criar uma atmosfera em que as pessoas tenham disposição para contar e ouvir.

Uma ferramenta muito mais poderosa do que se imagina

Quando percebemos que as dimensões e “complexidades” de uma pessoa vão muito além do que vimos no ambiente profissional, o storytelling auxilia a transmitir conteúdos em forma de narrativa, dando sentido e forma a mensagem que, de outra forma, iria requerer muito mais tempo para ser compreendida.

Embora sua disseminação tenha ganhado velocidade em práticas de treinamentos, essa ferramenta também é uma boa escolha para o desenvolvimento de competências de uma forma geral e, para outros momentos como a construção de estratégias.

O processo de compartilhamento, que chamei informalmente de “humanização”, nos permite sair dos espaços de insegurança com relação a estar próximo a pessoas que talvez saibam mais do que eu sobre algum assunto, ou a insegurança pela complexidade de alguma ferramenta de gestão apresentada.

Entretanto, assim como as outras ferramentas, o storytelling também tem seus desafios, que devem ser levados em consideração pelas áreas (em geral RH) que o adotarem ou pela consultoria contratada para desenvolvê-lo no âmbito corporativo. Abaixo listo alguns deles:

  • É preciso ter foco com as estratégias e definir a metodologia apropriada. O clima deve ser de seriedade e tranquilidade entre os participantes, para que ouçam as histórias sem escárnio;
  • Evite a disseminação do storytelling de forma “panacéica”, ou seja, ele não será a resolução para todos os problemas da empresa. Saiba identificar quais são os pontos a serem melhorados e se a ferramenta é a ideal;
  • É importante compreender que pessoas diferentes têm capacidades não análogas de contar e compreender uma história. Às vezes é preciso “dar uma ajudinha” e adaptar o roteiro aos diferentes perfis, ou apoiar o esforço de compartilhar as histórias. A capacidade nem sempre está no mesmo nível do desejo

Por fim, acredito que o storytelling não substitui ou seja capaz de ser a espinha dorsal de um programa inteiro de desenvolvimento, já que este requer outras metodologias. Mas ele indubitavelmente gera valor dentro do programa e pode ser aliado a outras boas estratégias de treinamento, capacitação e motivação.

O seu uso nas empresas remete àquela máxima do “menos é mais”, já que embora seja uma ferramenta simples, costuma ser bem compreendida pelos públicos da organização e reflete em bons resultados. Pesquise e analise como sua empresa pode ser beneficiada pelo storytelling.

Por João Roncati, diretor da People+Strategy

 

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